Cerca de 100 pessoas foram este domingo impedidas de aceder ao Carnaval de Ovar apesar de terem bilhetes de peão, criticando a organização por não melhorar a disposição de lugares e a polícia por “fechar os olhos”.
Em causa está o primeiro grande cortejo do Entrudo deste concelho do distrito de Aveiro (agendado para as 14h30), onde a lotação para esta tarde era composta por 5.000 lugares de bancada, todos vendidos previamente na internet, e 11.000 bilhetes de peão à venda desde esta manhã no próprio local.
Por volta das 16H00, contudo, cerca de 100 pessoas reclamavam na entrada norte da avenida do corso, umas porque lhes estava a ser barrada o acesso e outras porque, apesar de terem entrado antes e os seguranças lhes terem picado o bilhete, foram paradas mais adiante, a meio da avenida, e obrigadas a voltar para trás.
“Isto é inadmissível. Não cabe mais ninguém na avenida, mas ainda continuaram a vender bilhetes algum tempo depois de nos terem barrado e nesta altura, hora e meia depois, continuamos sem poder sair dos portões, senão perdemos o direito a que nos devolvam o dinheiro”, disse Elisabete Monteiro, que fez quase 60 quilómetros, desde a Maia, para ver o desfile e agora considera que isso “foi só para gastar gasolina”.
Joaquim Leite, de Santa Maria da Feira, também considerou que “a organização não pensou em condições no acesso aos lugares de peão”, a avaliar pela avenida cheia, “sem espaço para mais ninguém se meter lá”. Comprou três bilhetes de peão, a sete euros cada, e às 16h20 ainda esperava saber se ia ser ressarcido ou se o ingresso seria trocado para terça-feira.
Vera Mendes criticou ainda a atuação da PSP de Ovar, que tinha agentes na referida entrada: “Fomos pedir o livro de reclamações à bilheteira e eles disseram que não têm. Então chamámos os polícias e eles responderam que não se iam meter nisso, que não estavam cá para tratar de ocorrências”.
Conceição Remédios confirmou a situação: “Não há livro de reclamações e a polícia disse que não podia fazer nada – que isso não era com eles”.
Contactados pela Lusa no local, os dois agentes da PSP recusaram-se a comentar o assunto, remetendo esclarecimentos para o seu comandante e referindo não terem “como o contactar”.
A Lusa telefonou para a PSP de Ovar, mas a resposta foi idêntica: “Isso é com o nosso comandante e ele não está cá. Não temos como comentar isso”, respondeu o agente de serviço.
Quanto à Câmara Municipal de Ovar, que organiza o evento, garantiu que a lotação apeada “foi rigorosamente cumprida e até diminuiu de 13.000 para 11.000 lugares face à última edição, precisamente para não haver pressão de lugares”.
Todos os portadores de bilhetes que não chegaram a entrar no recinto ou só lá estiveram alguns minutos “vão ser ressarcidos”, mas a autarquia esclareceu que essa é uma decisão de “boa vontade”.
“Quem vem a este tipo de evento tem que saber que, para ter um bom lugar, precisa de organizar-se e chegar antecipadamente. Se vem em cima da hora ou mais tarde, está sujeita ao mesmo aperto que encontra quando chega tarde a um concerto”, alertou