O processo disciplinar a uma jornalista por ter feito uma pergunta extrajogo ao treinador do Sporting na ‘flash interview’ após o jogo com o Desportivo de Chaves, no que pode ser entendido como um ato de censura, é uma arma de arremesso na guerra entre Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e Liga Portugal (LPFP).
O Sindicato dos Jornalistas considerou na quarta-feira “um atentado à liberdade de imprensa” o processo instaurado pelo CD da FPF à Rita Latas. Também a Comissão da Carteira Profissional de Jornalista consideram a decisão “ilegal”.
O Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, que tem a tutela da Comunicação Social, apelou, esta quinta-feira, ao CD da FPF para que “reconsidere” a decisão de abrir um processo disciplinar.
“Acompanho com muita preocupação uma decisão que limita a liberdade de imprensa e que põe em causa princípios basilares da nossa Constituição”, afirma Adão e Silva, numa declaração escrita enviada esta quinta-feira às redacções. O Artigo 38.º da Constituição da República Portuguesa garante a liberdade de imprensa, que implica, designadamente, “o direito dos jornalistas, nos termos da lei, ao acesso às fontes de informação”, que também está protegido pela Lei de Imprensa.
O ministro que tem a tutela da Comunicação Social acrescenta ainda que “os jornalistas são por definição livres de fazerem as perguntas que entendem”, ao contrário do que definem os regulamentos das competições organizadas pela Liga Portugal, que limitam as questões colocadas na zona de entrevistas rápidas a temas relacionados com o jogo que acabou de acontecer.
O orgão disciplinar da Federação Portuguesa de Futebol que procedeu à abertura do processo, disse esta quinta-feira que não está a ponderar sancionar a jornalista da SportTV que questionou o treinador do Sporting, Rúben Amorim, sobre o avançado Islam Slimani.
“O CD estava obrigado pelas normas do regulamento da Liga a instaurar um procedimento disciplinar, uma vez que constava no relatório do delegado, mas não pondera sancionar a jornalista”, disse fonte oficial do CD da FPF.
Segundo a mesma fonte, foi decidido atribuir ao processo “natureza urgente” e este deverá servir também para “clarificar uma aparente desconformidade constitucional” da norma que está no regulamento de competições.