O Cinanima, um dos festivais de cinema de animação mais antigos do mundo, inaugura a sua 48ª edição nesta sexta-feira, celebrando até o dia 17 de novembro a diversidade da arte da animação. Este ano, 113 filmes de vários países concorrem em Espinho, trazendo de volta as cores vibrantes após a era dos “filmes pós-covid”, caracterizados por tons mais escuros e introspectivos. Segundo Henrique Neves, presidente da Nascente – Cooperativa de Ação Cultural e diretor do festival, a edição de 2024 marca uma “retomada às paletas cromáticas fortes”, reflexo da aposta renovada dos realizadores em tons alegres.
Além de destacar a diversidade das técnicas de animação, desde o desenho em papel e a plasticina até à animação digital em 2D e 3D, o Cinanima deste ano também foca a Liberdade como tema central, homenageando os 50 anos do 25 de Abril. Dos filmes a concurso, 81 competem nas categorias internacionais e 32 disputam o prémio de melhor obra portuguesa, sendo que quatro curtas nacionais — “Percebes” de Alexandra Ramires e Laura Gonçalves, “T-Zero” de Vicente Nirō, “Citizen Tourist” de Gustavo Carreiro e “Amanhã não dão chuva” de Maria Trigo Teixeira — têm potencial de qualificação para o Óscar de Melhor Curta-Metragem de Animação.
Na competição internacional, destacam-se cinco longas-metragens, entre as quais “Mataram o Pianista”, uma coprodução portuguesa de Fernando Trueba e Javier Mariscal, e “Fluxo”, do letão Gints Zilbalodis, além de sessões retrospetivas que exploram o tema da liberdade sob diferentes perspectivas, com curadorias internacionais de nomes como Olivier Cotte e Thomas Renoldner.
Para Henrique Neves, a edição de 2024 reafirma o Cinanima como “palco privilegiado” para a animação de autor, embora o festival enfrente desafios financeiros. Com um orçamento anual de cerca de 200.000 euros, o Cinanima depende fortemente do apoio do programa Europa Criativa e de patrocinadores locais, dada a estagnação dos apoios públicos nacionais e municipais.
A programação conta ainda com lançamentos de livros de figuras como Olivier Cotte e o programador Manuel Matos Barbosa, bem como uma série de masterclasses com profissionais de renome, como a produtora Joanna Quinn e o músico Nik Phelps. O habitual simpósio “Olhares sobre a Animação Portuguesa” será dedicado este ano à obra de Regina Pessoa, uma das mais influentes cineastas de animação de autor em Portugal.
Com esta vasta programação, o Cinanima promete uma experiência rica e profunda, reafirmando o valor cultural e artístico da animação como veículo de expressão e reflexão.
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