
Governo de Luís Montenegro cai um ano e um dia após eleições
11/03/2025A rejeição da moção de confiança apresentada pelo executivo de Luís Montenegro precipitou a quarta ida às urnas desde 2019. Apenas CDS e Iniciativa Liberal votaram a favor da moção ao lado do PSD, enquanto o PS, Chega, PCP, BE e PAN se uniram para a sua reprovação.
Após três horas de debate e mais uma de negociações à porta fechada, PS e PSD não chegaram a acordo sobre a retirada da moção de confiança. Os socialistas recusaram as propostas dos sociais-democratas para a realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de 15 dias ou um mês, insistindo nos 90 dias inicialmente propostos.
«Estamos preocupados, apreensivos e perplexos com o desfecho desta votação da moção de confiança. Tentámos tudo aquilo que estava ao nosso alcance», lamentou Luís Montenegro. O ainda primeiro-ministro acusou o PS de intransigência quanto à realização da CPI e criticou o que considerou ser uma estratégia política para desestabilizar o governo.
Por sua vez, Pedro Nuno Santos, líder do PS, rejeitou a tese de desestabilização e argumentou que o Governo tentou utilizar a moção de confiança como uma «chantagem» para evitar a CPI. «Não estávamos aqui a discutir uma Comissão Parlamentar de Inquérito, estávamos a discutir uma moção de confiança. Não se goza com o povo português», afirmou.
Com a queda do Governo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou todos os partidos com assento parlamentar para reuniões no Palácio de Belém na quarta-feira. Além disso, uma reunião do Conselho de Estado está agendada para o dia seguinte, sendo expectável que o chefe de Estado convoque eleições antecipadas.
«Esgotámos todas as possibilidades. Não se justifica qualquer crise política. O Chega e o PS fizeram cair o governo», afirmou Hugo Soares, secretário-geral do PSD, responsabilizando os socialistas e a extrema-direita pela instabilidade política.
Apesar da crise, Luís Montenegro já anunciou que se recandidatará nas próximas eleições, mesmo que venha a ser constituído arguido no caso envolvendo a empresa Spinumviva. A consultora, criada pelo primeiro-ministro juntamente com a sua família, está sob escrutínio devido a alegações de que Montenegro teria continuado a beneficiar de avenças de clientes da empresa após regressar à política ativa.
O país prepara-se agora para um novo ciclo eleitoral, enquanto a crise política domina a agenda nacional.
Foto: Reuters