António Costa e Rui Rio marcaram diferenças de programa de governação entre PS e PSD

13/01/2022 0 Por Angelo Manuel Monteiro

SNS, Justiça, TAP, salário mínimo, impostos. Estes foram os grandes temas do debate e aqueles que permitiram aos dois líderes estabelecer claros contrastes entre os respetivos programas.

Foi um debate muito intenso. Sem ofensas mútuas, mas fortemente marcado pelas diferenças de programa de governação entre PS e PSD. No confronto de ontem entre António Costa e Rui Rio, nos três canais de sinal aberto ao mesmo tempo, ficaram claras as diferenças sobre o modelo económico para o país, a fiscalidade, a saúde, a Justiça e a TAP. Temas que provocaram fricção entre os dois candidatos a primeiro-ministro, no debate mais importante desta pré-campanha eleitoral para as legislativas de 30 de janeiro.

O Cineteatro Capitólio, em Lisboa, foi o palco do frente a frente moderado por Clara de Sousa (SIC), José Adelino Faria (RTP1) e Sara Pinto (TVI/CNN). Rui Rio, confrontado com a acusação de que passou dois anos a apoiar o Governo, lançou o mote do debate: “Fizemos uma oposição civilizada mas agora é tempo de marcarmos a diferença.

António Costa também trazia frases estudadas. Como a de que “O país precisava de tudo menos desta crise”, acusando Rio “de se preocupar muito com os números” e de se ter tornado “insensível às pessoas”.

O debate arrancou pela questão da governabilidade pós-eleições. O líder social-democrata reiterou a ideia de que Costa partia em “desvantagem” porque “não é claro em relação aos cenários políticos.”, tanto mais que “a probabilidade de termos maioria absoluta é próxima de zero”. “Não tem condições de reeditar a geringonça”, garantiu e admitiu a possibilidade que mesmo que o PS ganhe sem maioria poderá haver outro primeiro-ministro que não Costa, provavelmente Pedro Nuno Santos. E com Pedro Nuno Santos “teremos o BE dentro do Governo.”

O secretário-geral do PS acabou por ir ao ponto e, sem apelo nem agravo, rejeitou a reedição da geringonça, ou seja um acordo parlamentar com PCP e BE. António Costa quis desfazer o tabu de que o acusavam sobre o pós 30 de janeiro. “O resultado desejável é uma maioria do PS”, insistiu. Se o PSD ganhar, “arrumo os papéis e dou a chave ao DR. Rui Rio”, assegurou. Mas se o PS tiver maioria relativa, “não viro as costas aos portugueses” e “teremos de conversar na Assembleia da República”.

Costa abriu duas possibilidades de governação em minoria: ou ao estilo de António Guterres, que negociava diploma a diploma no Parlamento; ou com o apoio do PAN. “Não me esqueço que o PAN não contribuiu para esta crise.” Nunca mencionou o Livre de Rui Tavares, que se disponibilizou no caso de ser eleito para esse entendimento.