Câmara de Santo Tirso aprova moção contra transferência de gestão do hospital para a Misericórdia

A Câmara Municipal de Santo Tirso aprovou na semana passada, com o voto contra do PSD, uma moção em defesa da gestão pública do hospital local, contestando a transferência anunciada para a Santa Casa da Misericórdia. O presidente da autarquia, Alberto Costa, assegurou que continuará a lutar por “um hospital público em Santo Tirso” e pela “defesa dos direitos dos trabalhadores” daquela unidade de saúde.

O autarca manifestou “total discordância” com a decisão do Governo de retirar a gestão pública do Hospital de Santo Tirso, sublinhando os “indicadores de excelência” da Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Ave, que integra os hospitais de Santo Tirso e de Vila Nova de Famalicão. Alberto Costa questionou ainda por que razão a gestão do Hospital de Famalicão, também propriedade da Misericórdia, permanece sob gestão pública enquanto apenas o Hospital de Santo Tirso será transferido.

O presidente da autarquia exigiu à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, que clarifique “os fundamentos técnicos ou políticos” desta decisão e torne público o protocolo a celebrar entre o Governo e a Misericórdia. Alberto Costa apelou também para que sejam salvaguardados os postos de trabalho dos profissionais de saúde, independentemente do vínculo contratual.

Alberto Costa lamentou ainda não ter recebido resposta ao pedido de reunião urgente enviado à ministra a 13 de dezembro. Sublinhou que a decisão já causou “preocupação e desconfiança” na população e “ansiedade e desmotivação” nos profissionais de saúde, que, segundo o autarca, “deixaram de saber o dia de amanhã”.

A moção aprovada pela Câmara será enviada ao Presidente da República, presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro, ministra da Saúde, grupos parlamentares, juntas de freguesia do município de Santo Tirso e ao Conselho de Administração da ULS do Médio Ave.

Em dezembro, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou que a ministra da Saúde estava a trabalhar com algumas Misericórdias, como as de São João da Madeira e Santo Tirso, para transferir a gestão dos respetivos hospitais para estas instituições. A medida tem gerado controvérsia, com autarcas e comunidades locais a expressarem receios sobre o impacto na qualidade dos serviços e na estabilidade laboral dos profissionais.