Santa Maria da Feira definiu esta segunda-feira um apoio financeiro anual para a instituição que divulga no Brasil a cultura do município e que recria no Rio de Janeiro os rituais contra a peste negra da Festa das Fogaceiras.
A Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria passa assim a receber uma ajuda de 5.000 euros anuais, depois de a medida ter sido aprovada, por unanimidade, pelo executivo camarário de Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro.
“O bom funcionamento da Casa da Vila da Feira foi gravemente afetado pela pandemia, provocando consequências nefastas para a associação, que só conseguiu reabrir em finais de maio de 2022”, explicou o presidente da autarquia, o social-democrata Emídio Sousa.
O apoio da Câmara visa ajudar a instituição do bairro da Tijuca a retomar a sua anterior dinâmica, apostada em “promover no Brasil a memória, as tradições e a cultura de Santa Maria da Feira, quer junto da população lusodescendente, quer junto da brasileira”.
A transferência de 5.000 euros anuais destina-se exclusivamente a viabilizar em solo brasileiro a realização da Festa das Fogaceiras – que acontece a 20 de janeiro em Portugal, no feriado do município, e habitualmente se replica do outro lado do Atlântico no domingo seguinte – e ficará sem efeito caso a celebração no Rio de Janeiro seja suspensa.
Emídio Sousa realçou, contudo, que a Casa da Vila da Feira desenvolve outros trabalhos para divulgação do património português junto da comunidade lusodescendente no Brasil e, nesse contexto, destacou a promoção do folclore através de dois coletivos da instituição: o Grupo Folclórico Almeida Garrett, fundado em 1962 e composto apenas por adultos, e o Rancho Folclórico Infantojuvenil Danças e Cantares das Terras da Feira, com crianças e jovens até aos 17 anos.
Além desse “trabalho de mérito na difusão do folclore de Santa Maria da Feira”, o autarca da Área Metropolitana do Porto salientou também o contributo da instituição carioca na disseminação das “tradições e costumes de Portugal em terras brasileiras”, em especial ao nível da gastronomia, já que pratos feirenses e portugueses estão sempre disponíveis “nos eventos da Casa e no seu restaurante”.
Fundada a 12 de julho de 1953, a Casa da Vila da Feira e Terras de Santa Maria é uma associação sem fins lucrativos com sede desde 1954 num edifício da Rua Haddock Lobo que os locais denominam “Solar Santamariano”.
Com biblioteca, escola de pintura, ginásio, piscina e salão de eventos com capacidade para 800 pessoas, o imóvel está implantado num terreno com 2.500 metros quadrados e essa área integra ainda uma capela dedicada a São Sebastião – que, embora não sendo o padroeiro de Santa Maria da Feira, é o santo a quem a comunidade há mais de 500 anos pede proteção contra a peste bubónica.
A Casa da Vila da Feira é atualmente presidida por Ernesto Pires Boaventura, apontado pelo município português como de “alma feirense”, mas natural de Esposende.
Esse responsável tem colaborado com a autarquia portuguesa em iniciativas de promoção económica como as que levaram o atual presidente da Câmara da Feira a divulgar o município e suas oportunidades de negócio junto de organismos como a Câmara Portuguesa do Rio de Janeiro e o Consulado de Portugal em São Paulo.
A instituição assinala este ano 70 anos de atividade e o aniversário será celebrado a 14 de julho, com a presença de Emídio Sousa no Brasil.