Foi numa Casa da Música com lotação esgotada e às escuras que o Porto de Encontro assinalou esta segunda-feira uma década de existência, bem como o regresso à atividade depois da paragem motivada pela pandemia, com uma sessão especial dedicada a José Saramago.
Um a um, a mão cheia de vencedores do Prémio Saramago, atribuído pela Fundação Círculo de Leitores, leu um excerto da sua obra preferida do Nobel da Literatura, reunindo-se por fim em palco. Foram eles Afonso Reis Cabral (vencedor em 2019), Bruno Vieira Amaral (2015), Gonçalo M. Tavares (2005), João Tordo (2009) e Paulo José Miranda (1999). Os restantes acabariam por surgir na tela da Casa da Música, em registos vídeo. Só Valter Hugo Mãe, premiado em 2007, faltou ao encontro, por conta de um imprevisto.
No palco da sala portuense não faltou Pilar del Río, presidente da Fundação José Saramago e viúva do escritor, leu uma rara intervenção em português, um manifesto pelo futuro da literatura lusa. Um futuro que, tornou-se explícito, se materializa nos escritores presentes na Casa da Música. Depois, e dando corpo a uma espécie de “passagem de testemunho”, excertos de obras desses cinco escritores foram lidos por Manuela Azevedo e António Durães.
A finalizar o regressado Porto de Encontro houve música. Teresa Salgueiro subiu ao palco para interpretar três canções. Começou com Amália Rodrigues, passou por Fernando Pessoa e terminou com um tema a partir de um poema da figura tutelar da noite, José Saramago. O título não podia ser mais adequado à ocasião: “Alegria”.
Os encontros com escritores levados a cabo pela Porto Editora chegaram aos dez anos e a sessão especial desta semana na Casa da Música foi uma forma de assinalar o número redondo.
A organização pretende retomar a cadência mensal do Porto de Encontro – não em dezembro mas a partir de janeiro de 2022, com um autor ainda por definir. Isto se a situação pandémica assim permitir.