Após dias de intensos incêndios que devastaram o Norte e Centro de Portugal, a chuva prevista para esta sexta-feira, juntamente com a descida generalizada das temperaturas no Grande Porto, surge como um ponto de viragem no combate às chamas. Desde domingo, os fogos já consumiram mais de 121 mil hectares de floresta e áreas residenciais.
Catarina Cruz, bombeira de Leça do Balio, concelho de Matosinhos, partilhou um momento de esperança em meio ao caos com uma publicação no Facebook. Na imagem, ela segura um louva-a-deus, um pequeno sobrevivente do incêndio que devastou São Pedro da Cova, em Gondomar, num cenário dantesco.
Ainda que a chuva traga alívio, a preocupação permanece alta em algumas regiões. Os maiores incêndios ativos à meia-noite de sexta-feira estavam em Castro Daire (Viseu) e Peso da Régua (Vila Real). Em Castro Daire, três incêndios mobilizavam mais de mil operacionais. Apesar da chuva ligeira que já caiu na região, a situação em Moledo, Aguadalte e Covelo de Paiva ainda gera grande apreensão.
Em Vila Real, a situação em Sedielos, Peso da Régua, continua delicada, com o fogo ameaçando habitações. Mais de 150 bombeiros e 48 meios terrestres lutam para controlar as chamas, que se alastraram devido às condições do terreno.
Entretanto, há boas notícias em Arouca (Aveiro) e Vila Pouca de Aguiar (Vila Real), onde os incêndios foram controlados após dias de combate árduo. O comandante da Proteção Civil do Alto Tâmega, Artur Mota, confirmou que os focos de incêndio em Vila Pouca de Aguiar estão agora sob vigilância.
Ainda no distrito de Viseu, o presidente da câmara de São Pedro do Sul, Vítor Figueiredo, demonstrou otimismo em relação ao controlo das frentes ativas até a manhã de sexta-feira, especialmente na zona de Sobral, que até então era a mais preocupante.
Apesar da melhoria em várias regiões, os incêndios de Penalva do Castelo, que mobilizavam 191 operacionais à meia-noite, continuam a preocupar as autoridades. No entanto, os fogos de Nelas e Mangualde foram controlados na manhã de quinta-feira, trazendo algum alívio para os habitantes locais.
Os incêndios têm causado perdas devastadoras, resultando em sete mortes e 166 feridos até agora, com dezenas de casas destruídas nas regiões afetadas. A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) confirma cinco mortes diretamente relacionadas com os incêndios, enquanto outras duas foram causadas por doença súbita.
O Governo declarou estado de calamidade nos municípios afetados e decretou luto nacional para sexta-feira, em homenagem às vítimas. O sistema europeu Copernicus estima que mais de 121 mil hectares foram consumidos pelas chamas desde domingo, sendo 83% da área ardida concentrada nas regiões Norte e Centro.
Com a chegada da chuva e o reforço dos meios no terreno, espera-se que os próximos dias tragam alívio e controle definitivo aos incêndios que têm assolado o país.
Foto: @facebook – Catarina Cruz