A revista SÁBADO desta semana, dá conta que a autarquia da Trofa abriu um concurso público de €214.000 para instalação de luzes de Natal. Problema: no terreno já havia uma empresa a instalá-las em estradas, igrejas e jardins. A autarquia garante que não sabia.
Segundo a reportagem da SÁBADO, na primeira semana de outubro, qualquer habitante ou visitante da cidade da Trofa (Área Metropolitana do Porto) que passasse pela capela de São Gonçalo veria os troncos das árvores forrados a luzinhas brancas de Natal. O mesmo veria em Alvarelhos, onde grandes laços luminosos foram colocados em frente à igreja matriz. No centro dos laços está escrito “Boas Festas – Trofa Município”. O cruzeiro que fica ao largo está também forrado a luzinhas, e das árvores em frente, cuidadosamente podadas, caem em cascata brancos fios de luzes.
A revista refere também que existem iluminações em Covelas, bem como em Guidões, onde foram colocadas estrelas nas árvores, e ainda foram pendurados mais exemplares dos referidos laços gigantes, desta vez sobre a rua 25 de Abril. A rotunda dos bombeiros, na Trofa, está também engalanada de luzinhas. E outras rotundas espalhadas pelo concelho, bem como ruas e bairros. Até a torre da capela da Senhora das Dores está já a postos para o Natal.
As fotos das iluminações de Natal que a revista publicou na edição desta semana, foram tiradas a 6 e 7 de outubro, precisamente quando decorria o concurso público para a adjudicação das instalações de Natal. Publicado a 4 de outubro em Diário da República, o procedimento para “aquisição de serviços para instalação e manutenção de iluminação ornamental e decorativa de Natal no Município da Trofa” tinha (e tem) como preço base €214.000.
Citada pela SÁBADO, a Câmara Municipal da Trofa, respondeu que “não autorizou a instalação de qualquer equipamento alusivo à iluminação de Natal” e que tinha tomado conhecimento “através da revista”, tendo instado a Polícia Municipal a “notificar a empresa responsável pela ocupação indevida do espaço público”.
O concurso acabaria por cair e na ata da reunião do júri do concurso que deliberou pela não adjudicação, este refere que a Polícia Municipal e Proteção Civil detetaram as estruturas, três dias depois de terem sido colocadas, e que estas “não se encontravam licenciadas, motivo pelo qual a entidade Castros Iluminações Festivas, SA” foi “notificada” para “retirar imediatamente as estruturas publicitárias iluminadas”.
Através do mesmo documento sabe-se que a este concurso concorreram duas entidades: a Castros Iluminações Festivas e a Sociedade Ibérica de Construcciones Elétricas, e que esta última, segundo o júri do concurso, não submeteu toda a documentação solicitada, pelo que a proposta “não” pôde “ser considerada”.
A Câmara Municipal da Trofa não respondeu ao pedido de esclarecimentos da Rádio Metropolitana Porto, formulados por e-mail.
Já a empresa Castros Iluminações Festivas, em resposta ao pedido de esclarecimentos, referiu que, por “motivos organizacionais”, começou a colocar a iluminação nas várias freguesias, ainda com o concurso público e aberto e sem saber se iria ganhar.