A presidente da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP), Cristina Pimentel, anunciou a sua demissão do cargo de vogal não executiva da Metro do Porto, invocando “falta de confiança institucional” e acusando o presidente da Metro, Tiago Braga, de recorrer a “argumentos que não correspondem à verdade” para responsabilizar a STCP por atrasos no projeto do metrobus no Porto.
Na carta de demissão enviada a Tiago Braga, com conhecimento a figuras institucionais como Luísa Salgueiro, presidente da assembleia-geral da Metro do Porto, Cristina Pimentel expressa o que considera ser a “irremediável” quebra de confiança entre as duas empresas. Pimentel destaca que a STCP, cuja representação na Metro deriva dos concelhos da Área Metropolitana do Porto, tem sido “envolvida injustamente” em declarações sobre o andamento do projeto, o que, segundo ela, prejudica a colaboração institucional.
A principal controvérsia surgiu após Tiago Braga, presidente da Metro, ter enviado um ofício ao Grupo de Trabalho para Acompanhamento de Investimentos de Transporte Público da Assembleia Municipal do Porto, que Cristina Pimentel considera uma tentativa de imputar à STCP a responsabilidade pelos atrasos e indefinições no projeto. Segundo a presidente da STCP, “tais afirmações não correspondem à verdade”, prejudicando a “confiança e o respeito mútuo” entre as duas empresas.
Cristina Pimentel ocupa o cargo de presidente da STCP desde março de 2022 e destaca a importância de proteger a reputação da empresa e dos seus acionistas, com o Porto como principal acionista. O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, já havia expressado desagrado com o posicionamento da Metro do Porto, apelando para que a empresa “não mentisse” sobre os atrasos.
Na terça-feira, a STCP emitiu um parecer sobre a operação da linha 203 no canal do metrobus, considerando-a “insegura, ineficiente e comercialmente desvantajosa”. Esta avaliação surge após testes com autocarros elétricos da STCP, realizados no final de outubro, que concluíram que as condições do canal BRT são inadequadas para a operação segura e eficiente do serviço. A Polícia Municipal do Porto também apontou a “perícia do motorista” como um fator determinante, alertando para a ausência de condições de segurança na estação da Casa da Música.
O projeto metrobus do Porto, atualmente em fase de conclusão, consiste em veículos movidos a hidrogénio para ligação entre a Casa da Música e a Praça do Império, e, posteriormente, à Anémona. A obra representa um investimento total de 76 milhões de euros, com veículos avaliados em 29,5 milhões de euros.
Até ao momento, a Metro do Porto não comentou oficialmente a demissão de Cristina Pimentel, mantendo-se o debate sobre as condições e segurança do novo canal do metrobus.
Foto: STCP