Fundado em novembro de 1994, o Espaço T celebra 30 anos de trabalho social com a arte como instrumento de desenvolvimento pessoal. A associação, que tem sido um pilar no apoio a grupos vulneráveis, superou duas grandes ameaças de encerramento e agora olha para o futuro com ambição, almejando expandir-se para Lisboa e captar financiamento internacional.
O fundador e presidente, Jorge Oliveira, compartilhou com a Lusa as experiências que marcaram a trajetória da instituição, revelando como sua juventude e inconformismo o direcionaram para este caminho. “Sem que o soubesse, foi o inconformismo e a rebeldia que me caracterizaram na juventude que me conduziram a esta situação”, afirmou Oliveira, lembrando que, embora quisesse ser ator, o destino o levou a cursar enfermagem e a trabalhar com toxicodependentes, antes de se formar em gestão de empresas.
A ideia de criar o Espaço T surgiu da necessidade de combater um sistema que limita as pessoas, tratando-as como números e definindo seu destino de forma rígida. “Queria fundar uma associação para apoiar as pessoas através da arte, principalmente aquelas que estavam à margem da sociedade, como toxicodependentes, doentes oncológicos, cegos, seropositivos, doentes mentais, idosos e crianças”, explicou.
Com sede inicial na casa onde vivia, na Rua de Camões, a associação logo se expandiu, mudando-se para o centro comercial Capitólio. Contudo, em 2002, uma ordem de despejo ameaçou a continuidade das atividades, mas a Câmara do Porto interveio, oferecendo as instalações da antiga Escola Primária da Sé, onde a associação permanece até hoje.
Hoje, o Espaço T conta com seis locais de operação — cinco no Porto e um na Trofa — e atende diretamente 2.500 utentes com o apoio de 30 funcionários a tempo inteiro e 100 colaboradores a part-time. A sua missão continua a crescer, com o foco em apoiar as comunidades mais desfavorecidas através de práticas artísticas.
O período de crise econômica, marcado pela chegada da ‘troika’, representou um novo desafio. Durante esse tempo, a associação viu-se obrigada a fechar alguns projetos, como os centros de qualificação, o que teve um impacto significativo nas suas receitas. Apesar disso, o Espaço T resistiu, com Jorge Oliveira lembrando que a associação teve de pagar salários aos poucos e até deixou de pagar durante três meses. No entanto, o compromisso da equipa e o empenho dos colaboradores mantiveram a qualidade dos serviços prestados.
Hoje, o Espaço T vive uma fase mais equilibrada financeiramente, em grande parte graças à criação do Fórum de Cuidadores, uma plataforma que reúne diversas personalidades e empresários para ajudar a garantir a sustentabilidade da instituição.
O grande objetivo para o futuro, segundo Jorge Oliveira, é reduzir a dependência de financiamento estatal, procurando novas fontes de recursos, inclusive internacionais. “Há muito financiamento no estrangeiro, e as organizações internacionais têm uma visão mais abrangente e com maior impacto”, destacou o dirigente, que também almeja a abertura de uma filial em Lisboa e a internacionalização da associação.
Com 30 anos de história e uma visão de futuro ambiciosa, o Espaço T segue firme no seu compromisso de utilizar a arte para transformar vidas e fazer a diferença na sociedade.
Foto: Espaço T