Ex-Autarca de Castelo de Paiva relatou na RMP momentos vividos na queda da ponte de Entre os Rios
Ex-Autarca de Castelo de Paiva relatou na RMP momentos vividos na queda da ponte de Entre os Rios

Ex-Autarca de Castelo de Paiva relatou na RMP momentos vividos na queda da ponte de Entre os Rios

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Foi no dia 04 de março de 2001, que o país viveu até então, ao maior desastre rodoviário da europa.

“Tenho bem presente na memória todos os factos do desastre. Eu passo nesta ponte todos os dias, a minha casa fica em frente ao rio Douro, por isso eu não consigo esquecer.”, foi desta forma que o ex-Presidente da Câmara Municipal de Castelo de Paiva, Paulo Teixeira começou por recordar a fatídica noite em que a ponte Hintze Ribeiro ruiu e, com ela, levou para o rio Douro, 59 vitimas. Eram 21h10 quando tudo se desmoronou. Paulo Teixeira vivia a cinco minutos de distância, mas não se tinha apercebido de nada até ao momento em que lhe comunicaram o sucedido.

Numa entrevista realizada em direto para todo o mundo, com Manuel Monteiro e Ângelo Monteiro, no programa “SabaRádio”, Paulo Teixeira recorda o momento em que chegou ao local: “Quando entro na ponte há uma senhora que me diz: “senhor presidente não avance mais porque não há mais ponte“. Eu não queria acreditar. Dei mais uns passos e começo a ouvir um barulho muito grande de água a circular já próximo do sítio onde eu estava, a uma velocidade louca”, acrescentou o antigo presidente da Câmara de Castelo de Paiva.

“Só com o nascer do sol, na manhã seguinte, é que todos tivemos a real noção da dimensão da tragédia”, referiu o homem que chorou emocionado no ombro do então Presidente da República, Jorge Sampaio, quando este visitou o local, .

A queda da ponte mobilizou meios de busca nunca antes vistos no Douro e na costa atlântica, que culminaram em outubro seguinte com a retirada dos destroços do tabuleiro, permitiram recuperar apenas 23 dos 59 cadáveres.

“Eu senti na pele a falta de sincronização entre a administração central e os organismos desconcentrados.”

“O luto, num povo católico como o nosso, é feito com o funeral e o que é certo é que, das 59 vítimas, só apareceram 23. Depois a operação de resgate do autocarro, a tentativa falhada à primeira e termos de esperar mais uns dias. A ansiedade do próprio Governo da altura, que queria dar por concluídas as operações. O último corpo aparece a 23 de maio e o último carro é retirado em junho. Por isso, as condições do rio estavam realmente muito adversas”, referiu Paulo Teixeira.

A memória das vítimas mortais ficou perpetuada num monumento junto ao local do acidente. O monumento, da autoria do arquiteto Henrique Coelho, representa o Anjo de Portugal e na base tem inscritos os nomes das 59 pessoas que morreram no colapso da ponte.

20 anos passaram sobre a a tragédia, mas as fragilidades do concelho continuam, nomeadamente na saúde e infraestruturas. As politicas dos sucessivos governos colocam a nu um concelho que apesar de desenvolvido, continua refém das prioridades governativas. O troço da variante à estrada nacional 222 (EN222) dentro dos limites do concelho está já a ser usado, mas a via rápida desemboca numa estreita e sinuosa estrada de montanha. Falta executar um lanço da variante de apenas 8,8 quilómetros, entre a fronteira de Castelo de Paiva, e o nó da autoestrada 32 (A32) em Canedo, Santas Maria da Feira.

A norte, o Itinerário Complementar 35 (IC35), que iria ligar Castelo de Paiva ao nó da autoestrada 4 (A4) em Penafiel, resume-se a uma ponte e um pequeno lanço de 800 metros para cada lado.

O que falta, diz Paulo Teixeira, é “os acessos, isto é construíram a ponte (…) e do lado de Penafiel só tem 800 metros. Em 20 anos fizeram 800 metros”. “É a mesma coisa que tivessem feito a ponte sem saída”, lamentou o ex-autarca paivense.

A concluir a entrevista, Paulo Teixeira via com bons olhos a integração do concelho de Castelo de Paiva na Área Metropolitana do Porto.

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