(escrito por Miguel Leonardo)
Os funcionários da Santa Casa da Misericórdia de Gaia estão em greve nesta quarta-feira, exigindo aumentos salariais “justos e dignos”, a atualização das gratificações por tempo de serviço e a reclassificação profissional com base nas funções desempenhadas.
“Os trabalhadores pedem um aumento de 25 euros acima da tabela da CNIS – Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade e a atualização de todas as gratificações por tempo de serviço, passando de 21 para 25 euros”, afirmou Francisco Figueiredo, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte, em declarações à Lusa.
De acordo com ele, a tabela salarial teve um acréscimo de 55 euros devido ao aumento do salário mínimo nacional, “que é o valor recebido pela grande maioria desses trabalhadores. É um salário bastante baixo para aqueles que prestam apoio domiciliário e cuidam de idosos, exigindo sensibilidade e muito esforço”.
O sindicalista ainda afirmou que a greve tem uma adesão significativa em vários lares da Misericórdia.
Os trabalhadores concentraram-se no lar Almeida e Costa, marchando em seguida até à sede da Misericórdia de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.
Segundo Francisco Figueiredo, os trabalhadores foram recebidos pelo diretor-geral e pelos recursos humanos da Misericórdia de Gaia, onde entregaram uma moção e solicitaram uma nova reunião.
“No essencial, a Misericórdia, que sempre pagou acima da tabela da CNIS, a qual é bastante baixa, recusou atualizar os salários de forma justa este ano. Além disso, a Misericórdia negou-se a atualizar as gratificações por tempo de serviço, que não são atualizadas há vários anos”, sublinhou.
Além das questões salariais e das gratificações por tempo de serviço, “a Misericórdia recusou resolver um conjunto de outros problemas relacionados com trabalhadores com horários de 40 horas semanais. Os auxiliares de ação direta deveriam trabalhar apenas 37 horas”, referiu Francisco Figueiredo.
“Esses trabalhadores estão incorretamente classificados como empregados de quarto e empregados de enfermaria, o que constitui uma ilegalidade”, afirmou.
Nesta quarta-feira, o sindicato “constatou que a empresa está a utilizar trabalhadores ilegais para substituir os grevistas, além de contar com duas diretoras a prestar serviços de apoio domiciliário”.
“Achamos que isso é ilegal e chamamos a atenção da Misericórdia para pôr fim a essa situação. O sindicato nomeou pessoas para os serviços mínimos e essa nomeação deve ser respeitada”, considerou.
Francisco Figueiredo admitiu que tem havido algum diálogo com os responsáveis da instituição, mas hoje foi solicitada uma nova reunião para discutir as reivindicações dos trabalhadores.
“Vamos aguardar 15 dias para que seja marcada. Caso isso não ocorra, tomaremos a
iniciativa de agendar o encontro. Se a recusa persistir, discutiremos com os trabalhadores sobre novas formas de luta”, acrescentou.
A Lusa solicitou esclarecimentos à Santa Casa da Misericórdia de Gaia e aguarda resposta.
Foto: Santa Casa da Misericórdia de Gaia