Dois meses após os incêndios que devastaram várias freguesias do concelho de Gondomar, os prejuízos continuam visíveis no terreno, enquanto os proprietários afetados aguardam respostas sobre as indemnizações prometidas.
Entre os casos mais emblemáticos está o de Ruben Rodrigues, proprietário de uma oficina automóvel na Foz do Sousa, destruída pelo fogo no dia 17 de setembro. “Dois meses depois, está tudo igual, não há ajudas”, desabafa Ruben, que estima os danos em cerca de 500 mil euros. Apesar da destruição, o empresário mantém o vínculo com os dois funcionários, mas aguarda com ansiedade por uma decisão que permita começar a reconstrução.
Na freguesia de Jovim, José Santos enfrenta uma situação semelhante. A sua oficina de móveis foi consumida pelas chamas a 16 de setembro, com prejuízos que calcula ultrapassarem os 100 mil euros. Revoltado, aponta para a falta de limpeza dos terrenos vizinhos, que atribui a “pessoas muito ricas, quase donos de Gondomar”.
Além dos prejuízos materiais, o incêndio deixou marcas em patrimónios históricos, como a capela de Nossa Senhora da Aflição, em Branzelo, que sofreu danos totais. Altino Rocha, vizinho do local, alerta para o risco de derrocada e espera que a reconstrução respeite o valor histórico do edifício.
O presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, revelou que os prejuízos globais ultrapassam os 9,6 milhões de euros. Enquanto os apoios de seis mil euros já foram disponibilizados para agricultores, os avisos para empresas e habitações principais só foram abertos na última semana. As candidaturas decorrem até 31 de dezembro, com a previsão de análise em janeiro e possíveis pagamentos em março de 2024.
Apesar dos prazos estimados, o cenário de incerteza mantém-se, deixando os afetados à espera de respostas concretas para recomeçarem as suas vidas.