No universo efervescente da comédia, onde risos ecoam como uma sinfonia universal, encontramos Marcelo Duque, que integra a equipa da “Bla Bla Produções”, um comediante brasileiro cuja jornada humorística transcende fronteiras, estará pela primeira vez em Portugal com espetáculos marcados para sexta feira dia 17 de novembro no Teatro Sá da Bandeira e dia 18 em Lisboa no Comedy Club.
Nesta entrevista exclusiva, mergulhamos na origem do humor que moldou a sua trajetória, exploramos os desafios da fama instantânea nas redes sociais e desvendamos a ousadia de trazer seu humor único para o público português.
Duque revelou que sua ligação com a comédia remonta à infância, crescendo numa família profundamente enraizada no teatro. O seu pai, produtor teatral, e seu irmão, ator, influenciaram o seu amor pela comédia desde cedo. “Sempre gostei mais da comédia porque desenvolvi desde menino no teatro assistindo humor”, compartilhou o comediante.
Ao questioná-lo sobre o receio de dar o primeiro passo na comédia, Duque reflete sobre uma infância imersa na arte do teatro. “O dar certo é complicado, porque eu nunca fiz pensando em dar certo”, confessa ele. A comédia, para Duque, era algo natural, uma extensão da vida familiar no teatro. O medo e as dúvidas eram eclipsados pela naturalidade com que ele cresceu no universo artístico.
A virada inesperada de Duque para o estrelato virtual começou com a postagem de vídeos na internet, sem planejamento estratégico. O comediante descreve o choque ao acordar e descobrir que um vídeo específico sobre policias que assistiam ao espetáculo atingiu mais de 1 milhão de visualizações. “É uma avalanche de gente que vai chegando. Vai sempre subindo e é sem parar”, compartilha ele, destacando como a internet transformou radicalmente sua vida.
Sobre as controvérsias em torno do humor contemporâneo, Duque enfatizou que o problema muitas vezes reside nas pessoas, não no humor em si. Ele defende a subjetividade do limite do humor: “as pessoas falam do limite do humor, qual é o limite, o limite é seu, é meu, é porque eu vou fazer uma piada que talvez você não gosta, então ali é o seu limite, não é a minha piada porque teve gente que ouviu a mesma piada e achou piada, então eu entendo que o limite ta na pessoa, ta no público”
A interação com o público é uma parte crucial do repertório de Duque. “Se eu tou sentindo que você não ta gostando desse caminho, eu consigo mudar esse caminho pra você entrar em outro assunto”, revela ele.
O medo do improviso não é algo desconhecido este reconhece que, no início, essa parte orgânica dos espetáculos era um terreno temido. “Eu acho que no começo era difícil”, admite ele. No entanto, a experiência de palco tornou esse processo mais orgânico e intuitivo com o tempo. “Hoje é tão orgânico que a gente já consegue levar a pessoa”, afirma ele, destacando a capacidade de adaptar-se instantaneamente às reações da plateia.
Ao explorar o carinho e reconhecimento do público, Duque destaca a gratificação de impactar positivamente a vida das pessoas. Mensagens de espectadores que encontraram força nos seus vídeos durante momentos difíceis, como depressão ou perda, são a prova do poder terapêutico da comédia. ” a gente não sabe a força que a gente tem na comedia, eu recebo mensagens de pessoas falando que estavam com depressão, que perdeu o pai, e outras coisas, e assiste meus vídeos para rir e ter força pra fazer as coisas de novo, é maravilhoso o carinho “, diz ele, emocionado com a conexão única que compartilha com seu público.
Ao enfrentar o palco português, Duque deixa claro que, independentemente do tamanho da plateia, cada espetáculo é uma vitória por estar presente no país. A sua expectativa é alta, impulsionada pela alegria de compartilhar risos com um novo público e agradecer a recetividade calorosa que Portugal oferece. “Expectativa é só alta, não tem derrota, só alegria”, disse.
Marcelo Duque, o comediante que encontrou na comédia a expressão mais genuína da sua vida, continua a encantar multidões ao seu redor. A sua jornada, da intimidade do teatro familiar à internacionalização do riso, é uma ode à universalidade do humor, que transcende fronteiras e culturas.