José Eduardo dos Santos estava internado nos cuidados intensivos de um hospital de Barcelona, depois de ter sofrido um AVC. Deixou o poder em 2017, ao fim de 38 anos, o que ainda hoje o torna um dos chefes de Estado que mais tempo ficou no poder em África.
Em 20 de setembro de 1979, com a morte do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, José Eduardo Santos, visto então como um tecnocrata com pouco brilho – a que se juntava uma expressão impassível e, por vezes, inescrutável – foi eleito secretário-geral do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), assumindo, no dia seguinte, o cargo de Presidente de Angola e Comandante-Chefe das Forças Armadas Angolanas.
Ainda que poucos então augurassem uma carreira de 38 anos no poder, a sua escolha em 1979 não foi grande surpresa em Angola: era conselheiro próximo de Agostinho Neto, era de Luanda e Kimbundu, a etnia predominante no MPLA, tinha estudos superiores e uma grande experiência administrativa.
Então com 37 anos, José Eduardo dos Santos era um dos mais novos Presidentes no continente africano e estava à frente de um país em guerra com outro dos movimentos independentistas, a UNITA, de Jonas Savimbi, e com a África do Sul, a do regime de segregação racial ou ‘apartheid’, na fronteira com a Namíbia.
O antigo Presidente de Angola foi sempre um líder que primou pela discrição, mas o exercício do poder foi considerado por organizações internacionais como absolutista.