Operação Babel: Patrocínio Azevedo Arrepende-se de Aceitar Relógios Oferecidos por Advogado

O antigo vice-presidente da Câmara Municipal de Gaia, Patrocínio Azevedo, declarou esta terça-feira no Tribunal de Vila Nova de Gaia estar arrependido de ter aceitado como prenda de Natal os relógios oferecidos pelo advogado João Pedro Lopes. No entanto, garantiu que nunca se sentiu obrigado a qualquer contrapartida.

“Nos dias atuais, estou arrependido de os ter recebido [os relógios]”, afirmou perante o coletivo de juízes, reforçando que os considerava apenas como uma prenda de Natal, tal como outras que costumava receber, como garrafas de vinho.

O ex-autarca, que está em prisão preventiva desde maio de 2023, revelou que apenas em 2022 tomou consciência do elevado valor de um dos relógios, superior a 1.500 euros. Perante essa informação, decidiu devolver ao advogado os relógios recebidos em 2019, 2020 e 2021, com o intuito de evitar qualquer suspeita.

“Atendendo, então, ao valor dos relógios, achei que podia existir algo mais, mas nunca me senti pressionado, nunca fiquei manietado, só não quis que ficassem dúvidas”, explicou Azevedo, assegurando que nunca alterou qualquer procedimento devido a esses presentes.

A investigação surge no âmbito da Operação Babel, que apura possíveis vícios e violações de normas em processos de licenciamento urbanístico em Gaia. O caso envolve 16 arguidos, incluindo Patrocínio Azevedo e os empresários Paulo Malafaia e Elad Dror, acusados de crimes como corrupção e tráfico de influências.

O Ministério Público alega que Elad Dror e Paulo Malafaia planeavam desenvolver projetos imobiliários em Vila Nova de Gaia, contando com um alegado favorecimento por parte de Patrocínio Azevedo, que em troca teria recebido dinheiro e bens materiais, incluindo relógios. O advogado João Pedro Lopes, também arguido, teria atuado como intermediário nesse processo.

Créditos: CMTV