O movimento do independente Rui Moreira, reeleito presidente da Câmara Municipal do Porto sem maioria, e o PSD estabeleceram esta quarta-feira um acordo de governação e acordaram medidas para os próximos quatro anos de mandato.
PS, CDU, BE e PAN criticaram, esta quinta-feira, o acordo entre Rui Moreira e o PSD para a governação da Câmara do Porto. as ao acordo firmado entre Moreira e PSD.
A estrutura liderada por Tiago Barbosa Ribeiro, que encabeçou a lista do PS à Câmara do Porto, sustenta que a “oposição do PSD não resistiu sequer até ao dia da tomada de posse” do nosso executivo, no próximo de 20 de outubro. “Durante a campanha eleitoral, tanto Rui Moreira como o PSD atacaram-se mutuamente, muitas vezes roçando o insulto e usando mesmo temas estranhos ao combate político, como a referência directa a processos judiciais”, referem os socialistas em comunicado, aludindo ao caso Selminho, processo em que o Ministério Público pede a perda do autarca independente.
“Agora, alguns dias depois das eleições e a troco de lugares, o PSD é assimilado por Rui Moreira e abdica do seu papel de escrutínio nos órgãos municipais”, salienta o PS/Porto, sublinhando que estes “acordos de bastidores, contrários a tudo o que foi dito em campanha, representam o pior da vida política”.
Tiago Barbosa Ribeiro avança que o PS só tem uma palavra e vai honrar o voto que receberam dos portuenses, “não traindo o mandato” que receberam.
O PS, que perdeu um vereador face ao resultado obtido nas eleições autárquicas de 2017 (de quatro, passou para três), considera que o entendimento entre Rui Moreira e o PSD “defrauda os eleitores que confiaram o seu voto a uma visão alternativa para a cidade” e “põe a nu que as divergências na campanha eleitoral não passaram de uma simulação pouco edificante”.
“O PSD desistiu do Porto, mas o PS nunca o fará”, conclui o partido, em comunicado.
Por sua vez, a CDU, que manteve um lugar na vereação da Câmara do Porto, observa “a completa incoerência do PSD que, ainda há semanas, ‘jurava’ a sua oposição a Rui Moreira”. A CDU acrescenta que o acordo “mostra como Rui Moreira não hesita, mais uma vez, em fazer cair, desamparados, os seus apoiantes”: “A forma como agora ‘descarta’ o presidente da Assembleia Municipal, Miguel Pereira Leite, mostra que, afinal, o ‘independente’ Rui Moreira não olha a meios para atingir os seus fins”.
Já Sérgio Aires, vereador eleito pelo Bloco de Esquerda considera que “a direita fez uma guerra de alecrim e manjerona durante a campanha para agora se juntarem pelo modelo de cidade negócio que afinal – como sempre dissemos – partilham”. O vereador repara ainda que “não há agora uma explicação do PSD sobre o que fará se Rui Moreira for condenado no caso Selminho”.
Uma das premissas resultantes deste acordo é que o movimento independente de Rui Moreira apoiará Sebastião Feyo de Azevedo, ex-reitor da Universidade do Porto e candidato do PSD à Assembleia Municipal.PUB
Para Sérgio Aires, a redução da fatura da água (uma das medidas que estará no centro deste entendimento), trata-se de “uma questão de xadrez político” por parte de Rui Moreira, que “recusou durante os últimos quatro anos implementar a recomendação que o Bloco fez aprovar em Assembleia Municipal”.
A cabeça de lista do PAN à Câmara do Porto, Bebiana Cunha, disse à Lusa que o acordo entre Rui Moreira e o PSD “surpreendeu” os portuenses e descredibiliza o candidato social-democrata Vladimiro Feliz. “A verdade é que o movimento de Rui Moreira não teve, porque os portuenses não quiseram, o resultado que pretendia e agora o PSD, ao contrário de tudo o que disse na campanha, de que iria ser oposição, de que não iria fazer coligações pós-eleitorais, afinal decidiu dar a mão a Rui Moreira”, disse. O PAN não conseguiu eleger vereadores, mas manteve o seu lugar na Assembleia Municipal.
“No nosso entender, isto descredibiliza Vladimiro Feliz e também acaba por trazer a debate público o facto de já termos partido para as eleições com um movimento que se diz independente, mas que em boa verdade, é constituído por pessoas que fazem parte do CDS e do Iniciativa Liberal”, acrescentou a líder parlamentar do PAN.
A opinião é partilhada pela CDU, que considera que este “é um sério aviso ao CDS, nitidamente despromovido relativamente ao agora parceiro PSD”.
Também o Chega, que conseguiu um lugar na Assembleia Municipal, considera que o entendimento “vai acabar por ser uma opção menos democrática”. Rui Pedro Afonso, cabeça de lista do Chega à Assembleia Municipal do Porto, disse à Lusa que a estratégia “não tem propriamente a ver com governabilidade da cidade”, mas sim com o “condicionamento dos outros partidos”.