O secretário-geral do PCP defendeu em comício realizado na tarde deste domingo, no Porto, que o aumento dos preços dos bens alimentares é um “assalto à carteira” das pessoas mas só se resolve com opções políticas e não policiais, inspetivas ou pedagógicas.
“Soubemos há dias que o cabaz alimentar custa hoje mais 45 euros do que há um ano, esta situação é de facto um assalto às carteiras de todos nós, mas sendo um assalto não se resolve com medidas policiais, nem apenas com ações inspetivas e, muito menos, se resolve com pedagogia à grande distribuição como parece que o Governo quer agora fazer”, disse Paulo Raimundo no Comício do 102.º aniversário do PCP, realizado na Escola Carolina Michaelis.
O comunista vincou que a especulação de preços só se resolve com opções políticas e não policiais, frisando que nesse aspeto o país não pode “mais uma vez” contar com o apoio do PSD, CDS-PP, IL e Chega.
Depois de o Governo de António Costa ter dito querer compreender a atual estrutura de preços, Paulo Raimundo procurou explicar: “Por exemplo, os produtores vendem um quilo de cebolas à grande distribuição por 53 cêntimos, a grande distribuição vende-nos a nós a 1,24 euros, ou seja, 134% acima daquilo que comprou”.
No caso da alface, os valores ultrapassam os 240%, frisou.
“Está esclarecida a dúvida do Governo relativamente à estrutura de preços. No fundo é simples, a distribuição aperta os produtores e aperta os consumidores, come de um lado e come do outro”, afirmou.
Atacando novamente a oposição, Paulo Raimundo considerou que as pessoas não podem contar com o PSD, CDS-PP, IL e Chega para este combate.
“Já o Continente ou Pingo Doce podem contar com eles para continuarem a proteger os seus 2 milhões de euros de lucro por dia”, criticou.
Recorrendo a uma música de Rui Veloso, o comunista entendeu que é “muito mais aquilo que os une do que aquilo que os separa”, sendo que o que os une são os “interesses dos grupos económicos que arrecadam 11 milhões de euros de lucros por dia, 450 mil euros por hora, 7.600 euros por minuto”.
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) instaurou 51 processos-crime por especulação em fiscalizações a 960 operadores e detetou significativas margens de lucro em diversos produtos.
Por exemplo, em produtos como os ovos, laranjas, cenouras e as febras de porco, foram verificadas margens a partir de 40% e até 50%. Acima desta margem, destacou-se o caso da cebola.
Na quinta-feira, em conferência de imprensa, o ministro da Economia prometeu “ser inflexível” para com todas as situações anómalas no setor alimentar.