Primeiro Ministro desafia deputados a declararem moção de confiança ao governo após polémica com empresa criada por Montenegro

Primeiro Ministro desafia deputados a declararem moção de confiança ao governo após polémica com empresa criada por Montenegro

01/03/2025 0 Por Rmetropolitana

Luís Montenegro anunciou, este sábado, que vai pedir aos deputados dos partidos com assento parlamentar que declarem um voto de confiança ao Governo em sessão na Assembleia da República. Esta decisão surge após a polémica em torno dos serviços prestados por uma empresa detida pela sua mulher e filhos, da qual foi também sócio. O primeiro-ministro fez este anúncio na residência oficial, em São Bento, e afirmou que, face às suspeições que pairam sobre ele, avançará com uma moção de confiança ao executivo.

Os deputados presentes na sessão da Assembleia da República vão votar a moção de confiança apresentada pelo Governo. Caso seja rejeitada, resultará numa demissão automática do executivo. Desde o 25 de abril, foram apresentadas onze moções deste tipo, sendo que apenas uma levou à queda do governo, em 1977.

Montenegro explicou que, juntamente com os filhos, criou uma empresa de consultoria que presta serviços a clientes, como a Solverde e a Rádio Popular, destacando o impacto que estas empresas têm na vida de meio milhão de pessoas. Apesar de afirmar que deixou todas as atividades relacionadas com a Spinumviva e a advocacia desde que voltou à política, o primeiro-ministro anunciou que a consultora passará a ser detida exclusivamente pelos seus filhos.

Em relação à polémica sobre a sua vida profissional, Montenegro referiu que, uma semana antes, a Assembleia da República já tinha discutido e reprovado uma Moção de Censura sobre o seu percurso profissional e patrimonial. O primeiro-ministro defendeu que prestou todos os esclarecimentos necessários, explicando os seus rendimentos dos últimos quinze anos, a atividade da sua empresa e os seus clientes. No entanto, acusou que para alguns os esclarecimentos não seriam suficientes para que o assunto fosse encerrado, visando o Partido Socialista.

Montenegro fez questão de esclarecer que a questão não tem qualquer relação com a sua família ou com a política, mas com trabalho e responsabilidade. Defendeu que, se o sistema político não aceita a conciliação entre a vida pessoal e a vida política, isso poderá resultar em políticos sem um passado ou futuro profissional. O primeiro-ministro assegurou que nunca cedeu a interesses pessoais em detrimento do interesse público e reafirmou que não cometeu nenhum crime.

Ao final, Montenegro recordou as medidas implementadas pelo seu governo para melhorar a saúde financeira do Estado, combater a crise habitacional e apoiar os diferentes grupos etários. Reforçou também que, dadas as tensões internacionais, criar uma crise política em Portugal deveria ser evitável. O primeiro-ministro foi eleito para o cargo em março do ano passado.

Foto: PSD/ Vila do Conde