Quatro médicos do hospital de Gaia acusados de homicídio por negligência
Quatro médicos do hospital de Gaia acusados de homicídio por negligência

Quatro médicos do hospital de Gaia acusados de homicídio por negligência

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O Ministério Público (MP) acusou quatro médicos de ginecologia/obstetrícia do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho do homicídio por negligência, na forma grosseira, de um recém-nascido, em 12 de setembro de 2019, foi esta quarta-feira anunciado.

Em nota publicada na sua página da Internet, a Procuradoria-Geral Regional do Porto (PGRP) diz que “os arguidos, todos da especialidade de genecologia/obstetrícia no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, compunham as equipas médicas de turno, quando se encontravam em funções no serviço de urgência, no acompanhamento do trabalho de parto de uma parturiente”, entre as 08:09 e as 09:11 (hora do nascimento), de 12 de setembro de 2019.

“Ao invés de determinarem a realização de cesariana em tempo útil, decidiram prosseguir com a ideia inicial de parto vaginal quando tal opção se mostrava desadequada em face dos dados que vinham sendo fornecidos pelo CTG e a insistir na realização de manobras de reposicionamento da parturiente, aumentando de modo significativo a possibilidade de um desfecho desfavorável para o feto”, refere a PGRP, que cita a acusação.

Segundo o MP, “em consequência de tais práticas, e apesar das manobras de reanimação a que foi sujeito, o recém-nascido acabou por falecer” pelas 13:45 desse dia “devido a encefalopatia hipóxica-isquémica”.

“O que poderia ter sido evitado ou pelos menos o risco potencial disso acontecer ser reduzido significativamente, caso as duas equipas de médicos que acompanharam o trabalho de parto tivessem tido outro tipo de comportamento”, concluiu a investigação.

O MP considerou “que os arguidos agiram com falta do dever de cuidado que lhes era exigível e pelos erros de diagnóstico cometidos, não identificaram ao longo do trabalho de parto o período crítico em que a sua intervenção médica obstétrica poderia ter evitado a morte do recém-nascido, agindo de forma contrária às ‘leges artis’ [boas práticas clínicas]”.

Os arguidos estão acusados da prática de um crime de homicídio por negligência, na forma grosseira.

A acusação, proferida em 21 de dezembro de 2022, é do Ministério Público no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) da Procuradoria da República do Porto (Gaia, 2.ª secção).

A 24 de setembro de 2019, em resposta enviada à agência Lusa, a Procuradoria-Geral da República (PGR) indicou ter instaurado um inquérito à morte de um recém-nascido no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, ocorrida a 12 de setembro.

Também a unidade hospitalar, situada em Gaia, no distrito do Porto, adiantou, nessa ocasião, ter aberto um processo interno para apurar os acontecimentos.

A 12 de setembro de 2019 o bebé em causa morreu cinco horas após o parto na Unidade de Cuidados Maternoinfantis desta unidade de saúde.

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