Tiago Mayan renuncia à presidência da Junta após admitir falsificação de assinaturas em documentos oficiais
Tiago Mayan renuncia à presidência da Junta após admitir falsificação de assinaturas em documentos oficiais

Tiago Mayan renuncia à presidência da Junta após admitir falsificação de assinaturas em documentos oficiais

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Tiago Mayan Gonçalves renunciou à presidência da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde após confessar a falsificação de assinaturas em documentos do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense e do Orçamento Colaborativo. Em causa está uma ata da reunião do júri, datada de 16 de setembro, que, segundo fontes, foi elaborada e assinada pelo próprio Mayan sem a participação dos restantes membros do júri.

A revelação surgiu numa reunião realizada na quarta-feira, onde o júri e o executivo da junta analisaram o documento. A ata dessa reunião descreve que o documento falsificado “não foi elaborado pelo júri, nem tão pouco assinado pelos mesmos, tratando-se de um documento falso com assinaturas apostas por outra pessoa.” Confrontado, Tiago Mayan admitiu que ele próprio elaborou e assinou o documento, assumindo total responsabilidade e isentando os restantes membros do executivo.

As suspeitas levantaram-se durante uma reunião online realizada na segunda-feira, quando o júri questionou Mayan sobre o envio de uma minuta de relatório. O presidente afirmou que o documento já havia sido enviado por email há cerca de 15 dias, mas a afirmação despertou dúvidas entre os membros. Uma verificação posterior dos documentos partilhados no servidor da junta revelou uma ata cujo teor sugeria que o júri tinha solicitado a dispensa de uma audiência prévia, alegadamente devido a exigências de prazos impostas pelo município.

A falsificação de documentos ocorre no contexto da gestão do Fundo de Apoio ao Associativismo Portuense, com uma verba total de 875 mil euros destinada ao apoio de associações locais. A junta liderada por Tiago Mayan não cumpriu o prazo inicial para a entrega do relatório final, o que levou a Câmara do Porto a exigir a documentação até 20 de setembro para viabilizar os contratos de apoio.

Num comunicado divulgado após a renúncia, Tiago Mayan declarou que “não estavam reunidas as condições pessoais para continuar a exercer o cargo,” oficializando a sua saída. Eleito em 2021 pelo movimento independente “Rui Moreira: Aqui Há Porto” e apoiado pela Iniciativa Liberal (IL) e outros partidos, Mayan estava atualmente em campanha para a liderança da IL, onde demonstrava descontentamento com a direção atual. Entretanto, o presidente da IL, Rui Rocha, anunciou a abertura de um processo disciplinar contra Mayan, qualificando a sua conduta de “inaceitável” e pedindo uma investigação judicial.

O Partido Socialista do Porto (PS Porto) manifestou “profunda estupefação” perante a demissão e os motivos que a originaram. Num comunicado, o PS Porto, sob a liderança do vereador Tiago Barbosa Ribeiro, expressou indignação com o ocorrido, classificando-o como uma “situação lamentável que mina a confiança nas instituições locais.” A estrutura socialista defendeu ainda que os factos sejam investigados de forma rigorosa, sublinhando a necessidade de transparência e de responsabilidade na gestão pública.

A demissão de Tiago Mayan representa um momento de tensão política e abala as suas ambições dentro da Iniciativa Liberal, onde, como ex-candidato presidencial, vinha ganhando visibilidade. Este episódio pode agora ter implicações significativas para o futuro político de Mayan e para a credibilidade do executivo local.

Foto: DR

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