A Federação Académica do Porto celebrou, na passada sexta-feira (29 de julho), 33 anos.
Num texto publicado nas redes sociais, Ana Gabriela Cabilhas, Presidente da FAP, pediu Prioridade na Educação mas também deixou alguns recados ao poder político.
“Infelizmente, o sistema educativo tem feito manchetes. A falta de estratégia no setor é gritante. Um dos sinais prende-se com o envelhecimento do corpo docente. O Conselho Nacional de Educação há muito tem vindo a diagnosticar este problema. Nos próximos sete anos, o ensino público poderá perder, por motivo de aposentação, 19479 docentes!” referiu a dirigente máxima da federação estudantil do Porto.
Para Ana Gabriela Cabilhas, “Os últimos anos levaram à construção de uma imagem social da profissão que afastou os jovens deste ramo. A nossa memória retém os baixos salários, a instabilidade e a dicotomia na sala de aula sobre o poder do professor e dos pais, que abriram muitos telejornais perante a inércia de sucessivos governos”.
Ainda no seu texto, a Presidente da FAP alerta que também as Universidades e os Politécnicos terão que se preparar para responder ao desafio. “A tutela deu recentemente indicações para aumentar as vagas nas licenciaturas em Educação Básica. Mas é igualmente obrigatório convencer as gerações jovens de que a profissão será mais atrativa e valorizada, para que as vagas não fiquem por preencher. Porque a pandemia relembrou a nobreza da profissão. Por outro lado, o próprio modelo de formação inicial de professores deve ser alvo de debate académico. É preciso dar resposta às expectativas dos estudantes, que sentem falta de ir para o terreno, de praticar, atribuindo grande relevância à experiência de exercício profissional no contexto. E é assim que deve ser, tornando a escola um lugar de transformação social e de preparação para o futuro incerto e desconhecido”, referiu.
Ana Gabriela Cabilhas alerta que os estudantes só conseguirão alcançar este objectivos com mais investimento no Ensino Superior e na formação de mais professores. O subfinanciamento crónico reduziu recrutamentos, ao passo que o número de doutores sem perspetivas de trabalho digno na docência aumentou. A cultura de inovação na pedagogia permanece secundarizada na carreira docente, não sendo atribuída a mesma importância conferida à investigação. Hoje, o modelo one size fits all, passivo e expositivo é anacrónico e já não responde às necessidades do estudante do século XXI.
A Dirigente Estudantil refere que um terço dos docentes que asseguram a formação inicial de futuros professores não tem formação no ramo educacional e alerta para o envelhecimento do corpo docente no Superior agrava-se de ano para ano.e que o índice de envelhecimento cifrou-se em 223% em 2020, ou seja, a substituição geracional não está a ser assegurada.
Na perspectiva de Ana Cabilhas, as prioridades do país têm que estar vertidas nas escolhas orçamentais. E opina de que Portugal precisa de decidir quanto quer investir, em particular, no Ensino Superior.
Para assinalar a data, a FAP decidiu dar ênfase ao debate sobre estudantes refugiados e integração social.
O evento, que contou com diversas personalidades, decorreu no Mosteiro de S. Bento da Vitória, no Porto.